Em pleno feriado e eu aqui
resenhando. Tudo por vocês.
Hoje não vou resenhar um livro, pois abrirei uma exceção para
resenhar um quadrinho que me chamou a atenção e acho que vocês merecem conhecê-lo.
Vamos resenhar, Brasil?
Persépolis é o nome de uma
série de quadrinhos reunidos em um volume único que conta a história de Marjane
Satrapi, que também é o nome da autora do quadrinho, esta se depara com o regime islâmico e se vê obrigada a usar o véu com
apenas dez anos. Acompanhamos de forma divertida e dinâmica a infância de Marji,
e a formação de seu caráter construído pela imagem liberal e democrática que
seus pais sempre passaram para ela.
É fascinante ver como, de
certa forma, uma criança olhava para aquele regime opressor e encarava os mártires
e toda a questão que a envolvia e de como a repressão religiosa foi crescendo
no país. Com o regime crescendo e a opressão aumentando, os pais de Marji
decidem enviá-la para a Áustria com o intuito de escapar dos religiosos
radicais, mas acaba se deparando com outros religiosos radicais. A experiência
que ela passa na Áustria é muito importante na formação adulta que ela irá ter.
A passagem pela puberdade em
outro país foi bem trabalhada e o traço da desenhista ajudou a deixar engraçada
essa parte da vida que todo adulto já passou. Uma etapa muito desafiadora para
Marji, afinal não é fácil enturmar-se ou se enquadrar em uma cultura totalmente
diferente da qual se foi criado, além de alguns conceitos totalmente diferentes
que se conhecia.
A volta de Marji, já adulta,
para o Irã é de muita expectativa, pois somos introduzimos no romance entre ela e o Zera, além de sua vida acadêmica e de seus pensamentos, agora
adultos, sobre a opressão religiosa extremamente forte em seu país. Muitas
perguntas surgem nesse momento da história. Ficaria Marji e Zera juntos? Ela
conseguiria suportar toda a repressão religiosa ou fugiria novamente de seu
país para ser livre?
A desenhista soube contar
esta história fascinante de forma divertida, pois tratou de um assunto sério
que é o regime opressivo islâmico com um humor sutil. Os desenhos retratados em
páginas únicas retratavam muito bem a mensagem que o texto em seu diálogo
passava e ainda ia além. É um ponto muito forte desse quadrinho, além do humor
leve que deixou a leitura extremamente dinâmica e deliciosa. É uma ótima
recomendação para quem não conhece a história do Irã e de como surgiu toda a
repressão religiosa no país.
Citação
Favorita:
“Na
vida você vai encontrar muita gente idiota. Se te ferirem, pensa que é a
imbecilidade deles que os leva a fazer o mal. Assim você vai evitar responder
às maldades deles. Porque não tem nada pior no mundo do que a amargura e a
vingança... Seja sempre digna e fiel a você mesma”
Avô de Marji
“Quando
temos medo, perdemos o senso de análise e de reflexão. O terror nos paralisa.
Aliás, o medo sempre foi o motor da repressão em todas as ditaduras.”
Marji
Resenha Persépolis de J. R. Gomes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil.
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